quinta-feira, 27 de março de 2008

Férias... ansiosamente à espera das férias....


É completamentre estúpido isto...
Quem é que inventou que trabalhávamos 11 meses e descansávamos um mês (22 dias)??!! Hã?! Quem foi o génio?
Que cálculos matemáticos é que fizeram para chegar a esta brilhante conclusão? Qual é afinal a base teórica para fundamentar estas férias de 22 dias? Pois é...
Andamos o ano inteiro à espera das férias e depois passam em três tempos...
Acho que deveriamos ter pelo menos dois meses de férias! E atenção, que estou a fazer a estimativa por baixo! !
Após séria e longa reflexão, vários cálculos estatísticos e revisão da literatura conclui que merecemos dois meses de férias!!!
Estou a dizer algum disparate?

Bjs
Mi


sábado, 15 de março de 2008

Pais... Em que é que te influenciaram?


È dificil responder a esta pergunta... não é?
O que é que foi escolha tua e o que é que foi influência deles?
Fomos nós que tomámos as nossas decisões ou foram eles que subtilmente nos empurraram para aquela direcção?
Quantas vezes na adolescência disseste:
"Bolas! Quando chegar à idade deles (pais) nunca hei-de dizer isto ou fazer isto!" e agora dás por ti a dizer frases iguaizinhas às da tua mãe ou do teu pai.
É engraçado perceber que "primeiro estranha-se e depois entranha-se".
És parte deles, isso é inevitável.
Então e as escolhas que fizeste? Foste tu que tomaste essas decisões ou foi a vida que tomou por ti?
Há quanto tempo não fazes uma escolha de vida?

Bjs
Mi




terça-feira, 11 de março de 2008

Pessoas...Pessoa...Eu


Hoje estive, mais uma vez, com pessoas...
Passo os meus dias a ouvir falar de vidas. Adoro!
Sinto-me privilegiada por me escolherem a mim para este papel.
Partilham comigo, todos os dias, episódios das suas vidas.
Bons e maus momentos. E eu?
Estou lá. Estou sempre lá. Eles sabem.
Que vidas! Quando penso que já ouvi uma história de vida muito má, ouço outra ainda pior...
É incrível! Uma autêntica montanha russa...E eu?
Eu estou com eles na carruagem da frente.
Às vezes a carruagem descarrila, aliás, muitas vezes... e eu?
Estou lá, mesmo ao lado.
À procura do senhor que faz a manutenção da carruagem que descarrilou.
São lindas estas pessoas! Não há cá papas na língua.
Dizem-te imediatamente que estás gorda. Sem filtros.
Não há meias palavras, nem rodeios na conversa.
São genuínas (a roçar o rude...), são também agressivas e...
reactivas, e outras coisas acabadas em ivas.
Também partilham comigo os bons momentos.
Correm a contar que a filha está grávida, ou que o marido arranjou emprego... ou que vão, finalmente, fazer a desintoxicação alcoólica.
Vidas...
Todos os dias cresço mais um pouquinho.
Passo os meus dias a ouvir falar de vidas. Adoro!


sábado, 8 de março de 2008

Se te queres matar...


Se te queres matar, porque não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por actores de convenções e poses determinadas,
O circo polícromo do nosso dinamismo sem fim?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!

Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...

A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...

Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além...

Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...

Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.

Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?

Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?

Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?

És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
o próprio universo e os outros Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?

Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?

Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente:
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De células nocturnamente conscientes
Pela nocturna consciência da inconsciência dos corpos,
grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atómica das coisas,
Pelas paredes turbilhonantes
Do vácuo dinâmico do mundo...

Álvaro de Campos